Citações retiradas da matéria Questão de Método, publicada na Revista Educação, Edição 108 — Agosto 2001
SOBRE O DEBATE
"Até então considerado o que havia de mais moderno e eficaz entre as teorias de ensino, o construtivismo passou a ser alvo mais frequente de ataques:
Mesmo os seus mais fiéis adeptos reconhecem que seu emprego na educação básica brasileira vem sendo, no mínimo, distorcido. O conceito preconiza que é preciso levar em consideração a bagagem cultural adquirida pela criança antes de ingressar na escola. A técnica consiste em apresentar o mundo letrado ao aluno diretamente por meio do texto, mesmo antes que ele seja capaz de decodificar cada palavra.
Pois é exatamente aí que se encontra a raiz do problema brasileiro:
Os que pregam a concepção construtivista muitas vezes ignoram que esses estudantes-mirins trazem de casa uma bagagem bem mais vazia do que se esperava. Eles herdam dos pais uma história de defasagem educacional.
"É a mesma coisa que pegar um texto em alemão, entregar a alguém que não conhece a língua e pedir para ler. Ou pegar uma partitura de Chopin e dar para um iniciante em música", comenta o professor Fernando Capovilla. coordenador do Laboratório de Neuropsicolingüística Cognitiva Experimental (Lance), do Instituto de Psicologia da USP.
Capovilla afirma que o construtivismo condena as crianças de classes menos favorecidas ao fracasso escolar. Além de questionar a validade da concepção usada no Brasil, ele é um dos mais ferrenhos defensores do emprego do método fônico. Taxado de antiquado por educadores ligados ao Ministério da Educação, o método prevê o básico: ensinar às crianças a correspondência entre sons (fonemas) e letras (grafemas).
Para Telma Weisz, supervisora do programa de alfabetização do MEC, o método fônico sempre teve defensores e sempre terá:
"Mas o mundo mudou e ele continuou como era na década de 20. Sempre haverá gente com uma visão mais tecnicista do ensino e para estas o método fônico é mais adequado".
SOBRE A PESQUISA
"Nos Estados Unidos, [...] o National Institute of Child Health and Human Development (Instituto Nacional de Saúde da Infância e Desenvolvimento Humano) fez, entre 1997 e 1999, a pedido do Congresso norte-americano, o mais completo levantamento já produzido naquele país sobre métodos de alfabetização. Batizado de National Reading Panel (Painel Nacional de Leitura), a pesquisa tinha como objetivo descobrir se a abordagem fônica era realmente eficaz. Para executar o trabalho, foi formada uma comissão composta por pesquisadores, representantes de escolas, professores e pais.
Numa primeira etapa, o grupo identificou cerca de cem mil estudos sobre alfabetização realizados no país desde 1966 e selecionou os mais relevantes. Foram realizadas diversas audiências públicas, nas quais o tema foi amplamente debatido. A partir desse levantamento, a comissão elaborou um relatório, apresentado ao Congresso em fevereiro de 1999. A conclusão da pesquisa foi de que as crianças alfabetizadas por meio de métodos fônicos desenvolvem melhor a compreensão e interpretação de textos, além de melhorar a expressão oral.
"As descobertas mostraram que ensinar as crianças a manipular fonemas foi altamente efetivo sob uma variedade de condições de ensino e uma variedade de alfabetizandos de diferentes séries e idades", atesta o estudo. Os participantes do painel destacam que o treinamento em consciência fonética não constitui um programa completo de leitura. "No entanto, ele dá à criança conhecimento essencial sobre o sistema alfabético. É um componente necessário a um completo e integrado programa de leitura", afirma o relatório.
Outras entidades, como a International Reading Association (Associação Internacional de Leitura), dos Estados Unidos, também defendem a utilização do método fônico. Segundo dados da instituição, 98% das escolas norte-americanas utilizam o sistema em seus programas de alfabetização. "O ensino de fonética, que foca a relação entre sons e símbolos, é um importante aspecto no começo da alfabetização. Porém, uma instrução fônica efetiva deve estar encravada num contexto de leitura e linguagem", defende a associação."
SOBRE A ESCOLA EM MARÍLIA
"Localizada na periferia do município de Marília (SP), a Escola Municipal Fundamental Professor Nelson Gabaldi era um retrato do fracasso do ensino público. Há dois anos, de uma turma de quarenta alunos matriculados na quarta série, dez não sabiam ler e escrever. Na primeira série, a situação era ainda pior: metade dos alunos terminava o ano sem estar alfabetizada. "Aqui nós não aplicamos o construtivismo de jeito nenhum. O sistema dá certo para aluno rico, não para as nossas crianças, que não têm um livro sequer em casa", diz a diretora Ilza Seabra.
A escola, com 650 alunos, passou a empregar o método fônico e, segundo a direção e os professores, está conseguindo alfabetizar os alunos. "A Secretaria de Educação adota a linha construtivista, mas nos deu uma espécie de liberdade vigiada para mudar de tática", explica Ilza.
Para corrigir as deficiências dos alunos, foi preciso realfabetizá-los. "Pegamos os estudantes de todas as séries que não sabiam ler e recomeçamos do zero com o método fônico", afirma a diretora. A professora Pedra Bertazzi de Camargo, da quarta série, diz que acompanhou na escola crianças alfabetizadas pelo construtivismo e pelo método fônico e notou que a diferença é grande em favor das últimas. Hoje, apenas dois alunos entre quarenta não sabem ler e escrever adequadamente, média cinco vezes menor do que há dois anos. "Com crianças carentes, sem estrutura, não dá para aplicar o construtivismo", comenta.
A professora Ana Cláudia de Souza, da primeira série, vai mais longe: "No meu primeiro ano aqui na escola, eu trabalhei na concepção construtivista, na qual eu até acreditava na época. Mas, depois que passei a usar o método fônico e vi os resultados, percebi o mal que tinha feito com meus primeiros alunos.""
É um dos receios mais comuns entre as mães quanto ao homeschooling: “Não sei se consigo ensinar meus filhos...”⠀
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É aquela inquietação que sussurra: “Só devia ensinar quem nasceu para isso, quem tem um dom mágico e misterioso para isso.” Em outras palavras: outros podem. Eu não posso. Não nasci para isso. ⠀
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Mas pense: você nasceu sabendo pagar boletos? Sabendo assinar contrato de aluguel? Sabendo o que é casamento, família e responsabilidades?⠀
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Você nasceu sabendo o que é fazer orçamento? Trocar fraldas? Fazer decisões difíceis e arcar com as consequências? ⠀
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Você não nasceu sabendo. Mas nasceu com disposição. Nasceu com a inocência de quem via o mundo como uma aventura a ser explorada. Nasceu querendo saber mais. Querendo experimentar, testar, aprender.⠀
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Seus filhos, hoje, estão nessa mesma fase. Estão com fome de saber. Querem crescer em todas as direções possíveis.⠀
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E seu papel, mãe querida e pai querido, é guia-los. Você não nasceu sabendo como fazer isso, mas você nasceu com a capacidade de aprender. De pesquisar. Indagar. Desenvolver. De comprar livros e enche-los com anotações. ⠀
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Eles estão crescendo como filhos, e nós como pais. É educação domiciliar para a família toda. ⠀
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Não nascemos prontos; nascemos dispostos. Com vontade. Com alegria. Com olhos que brilham.
Mas em algum momento a gente se perde. Perdemos o costume de vasculhar, procurar, encontrar. E criamos a expectativa que o conhecimento venha a nós já mastigado, desenhado, definido. Perdemos o ânimo de buscar o aprendizado, querendo que ele venha prontinho até nós.⠀
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Perdemos a alegria de aprender. E com isso perdemos a confiança de ensinar.⠀
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Esquecemos que os melhores professores são aqueles que aprendem, sempre. Que se atualizam. Que são apaixonados por saber mais. ⠀
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Mãe querida, se você sente receio em participar no aprendizado dos seus filhos de forma mais intencional, fica um incentivo: quem ama aprender, poderá ensinar. ⠀
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Seus melhores anos de aprendizado estão para frente, e não para trás. Mergulhe nos livros, faça suas pesquisas e anotações, descubra bons cursos, e compartilhe suas experiências. ⠀
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Ame aprender. E seus filhos farão o mesmo.
~ Família de Trigo
Olá!
Se você procurou por essa postagem, deve estar se perguntando "como começo o processo de alfabetização do meu filho?" Ou se trabalha com escola, "como melhorar o desempenho das crianças no processo de leitura?"
Sou formada em pedagogia e no ensino superior estudamos, por assim dizer, métodos de alfabetização. Infelizmente, a formação do professor deixa muito a desejar e passa longe de pesquisa sobre os impactos dos métodos e o que se sabe sobre eles. Apesar de passarmos meses tentando decifrar o tal do construtivismo, é o método fônico que tem comprovada superioridade sobre os demais. Basta uma procura pela internet e você achará bastante material a esse respeito. Entretanto, a quantidade de materiais disponíveis embasados no fônico é baixíssima e o número de escolas que utilizam desse método para alfabetizar é a minoria, infelizmente.
No método fônico, o aluno aprende a relacionar cada letra ao seu som. Esse primeiro passo, denominamos de pré-alfabetização e se inicia por volta dos 3 anos, passando primeiro pelas vogais e avançando pelas consoantes. Na sequência, a alfabetização é feita mediante a junção dos sons para a leitura das palavras. A consciência fonológica, que tratará a manipulação dos elementos de frase, palavra, sílaba, rima e aliteração é fator importante nessa etapa.
Baseada em estudos do método, desenvolvi uma série de materiais para pré-alfabetização e alfabetização, sendo três apostilas: "No Mundo das Vogais", "No Mundo das Consoantes" e "No Mundo da Alfabetização (volume 1, volume 2, volume 3 & volume 4)". Os materiais foram desenvolvidos para que qualquer mãe acompanhe seu filho(s) na pré-alfabetização e alfabetização. Inclusive, desenvolvi os materiais justamente para alfabetizar meus dois filhos.
Deixo abaixo o vídeo de uma live realizada no instagram @familiadetrigo sobre a abordagem e ordem dos materiais.
Lista dos materiais citados na live:
Novo estudo comprova eficácia de método fônico na alfabetização
Segundo os exames, a resposta cerebral mais rápida para as palavras recém aprendidas foi influenciada pela técnica de ensino.
Por: Instituto Alfa e BetoUm estudo lançado no mês passado pela Universidade Stanford (EUA), uma das instituições mais renomadas do mundo, comprova a vantagem do método fônico de alfabetização sobre outras técnicas de ensino. O estudo, de co-autoria de Bruce McCandliss, professor da de Pós-Graduação Escola de Educação e do Instituto de Neurociência de Stanford, fornece algumas das primeiras evidências de que uma estratégia de ensino específico para a leitura tem impacto direto no cérebro.
Isso significa, por exemplo, que ensinar o som das letras que formam a palavra GATO produz mais conexões cerebrais do que quando as crianças são instruídas a memorizar essa palavra. “A pesquisa é emocionante porque utiliza a neurociência cognitiva e a conecta a questões com significado profundo para a história da pesquisa em educação”, disse McCandliss em entrevista ao site de notícias de Stanford. A pesquisa contou também com a coordenação de Yuliya Yoncheva, da Universidade de Nova York, e Jessica Wise, estudante de pós-graduação da Universidade do Texas, em Austin, ambas nos Estados Unidos.
Publicado na revista Brain and Language, o estudo partiu de uma nova linguagem escrita e buscou ensiná-la a um grupo de 16 adultos, sendo que uma parte foi ensinada a partir de um método de instrução fônico e a outra parte com um método de associação de palavras inteiras. Depois de aprender várias palavras sob ambas as abordagens, as palavras recém aprendidas foram apresentadas em um teste de leitura, enquanto as ondas cerebrais foram monitoradas.
Segundo os exames, a resposta cerebral mais rápida para as palavras recém aprendidas foi influenciada pela técnica de ensino. Aquelas palavras que foram aprendidas pelo método fônico induziram a atividade neural do lado esquerdo do cérebro, que engloba as regiões visuais e de linguagem. Em contraste, palavras aprendidas através de associação da palavra inteira mostraram atividade de processamento no hemisfério direito. McCandliss observou que o forte engajamento hemisfério esquerdo durante o reconhecimento de palavras é uma característica marcante de leitores qualificados. Segundo o pesquisador, os resultados reforçam a ideia de que a forma como um aluno concentra sua atenção durante a aprendizagem tem impacto profundo sobre o que é aprendido.
Não é a primeira vez que um estudo comprova a superioridade do método fônico em relação a outros métodos, especialmente com alunos que apresentam dificuldades de leitura. Em 1990, a pesquisadora americana Marilyn Adams publicou uma revisão da literatura disponível desde 1960 e constatou que esses estudos revelavam a importância da consciência fonológica e fonêmica como fatores associados a fatores fortes de predição do sucesso da alfabetização. Assim, Adams conclui que métodos fônicos, que usam a associação fonema-grafema, quando implementados de maneira sistemática e explicita, são mais eficazes do que os outros.
No ano 2000, a alfabetização também foi tema nos Estados Unidos do National Reading Report Painel. O levantamento partiu de uma análise de 100 mil outros estudos e se concentrou em uma amostra de 68 pesquisas relevantes, que incluíam milhares de crianças, e ofereceram a conclusão de que os métodos fônicos são mais eficazes do que os outros.
De modo geral, ficou comprovado que o método funciona melhor para os que têm mais dificuldade, ajudando a desenvolver competência de compreensão e aprendizagem da ortografia e é mais impactante para as crianças de nível econômico mais baixo. Ainda segundo esse levantamento, não basta apenas usar qualquer método fônico, o melhor é o fônico sintético, que apresenta as relações de fonema e grafema de forma sistemática e explícita.