Homeschooling e educação escolar - Considerações e questões frequentes

maio 08, 2017


Fato é que nós, assim como grande parte das famílias que optaram pela educação domiciliar (ao menos as de nosso convívio), não é militante e não condenam aqueles que optam pela rede regular de ensino em absoluto. 

Entendemos que, assim como pais que matriculam os filhos em determinada escola o fazem para que estes tenham a melhor formação possível, as famílias que optam pela educação domiciliar o fazem pelo mesmo motivo. Ambos estão por consciência e escolha oferecendo ao filho o melhor que podem e cada um tem seus motivos para tal.

A você, pai que matriculou seu filho na escola, não se ofenda conosco e nem ache que consideramos sua escolha descabida ou imprópria. Da mesma maneira, pedimos que estenda a mesma graça a nós que optamos pela educação domiciliar pelo mesmo motivo que você escolheu a escola: oferecer o melhor que podemos para a formação dos filhos, dos quais Deus colocou a educação e instrução sob nossa responsabilidade.

Recebemos frequentemente comentários de pessoas que começam a ter algum contato com a realidade da educação domiciliar e se posicionam a favor da escola em pontos que discordamos. Foram esses comentários que nos levaram a fazer essa postagem. Entre outras considerações, você encontrará alguma informação ou dado estatístico abaixo sobre os temas mais perguntados. São eles:
  • A socialização é somente na escola.
  • Sem frequentar a escola, o aluno não terá diplomação e não poderá cursar um curso superior.
  • Pais sem formação específica não podem oferecer instrução específica de qualidade.
Dito isso, disponibilizamos agora alguns dados de pesquisas e considerações sobre educação que em algum momento colocam em contraste o ensino escolar e o domiciliar.


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A qualidade do ensino não é tão ruim assim, depende muito do aluno e varia muito de escola pra escola... 

Sem dúvida que teremos diferença entre alunos e escolas e deixo aqui registrado o mérito dos alunos e suas famílias que se esforçam e acompanham de perto o processo escolar, mas deixo abaixo o resultado do PISA 2015 que avaliou alunos de mais de 800 escolas (particulares e públicas) nos 26 estados brasileiros e distrito federal, e que demonstra que o sistema educacional vigente regido pelo MEC, rasurado pelo construtivismo e que tem como patrono Paulo Freire deixa muito a desejar.

PISA 2015- Brasil está entre os piores em ranking mundial de educação

A prova é feita em países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e nações convidadas, entre elas o Brasil. Neste ano ciências foi o enfoque, mas também foram avaliados os aprendizados em matemática e português. O país teve baixo desempenho em todas as disciplinas.


Ciências

Mais preocupante é o nível de aprendizado médio dos estudantes nessa disciplina. Entre os avaliados, 81,96% ficaram entre o nível mais baixo de conhecimento e o nível 2 – o nível básico.
O nível 2 de aprendizagem em ciências é o mínimo necessário para se tornar um cidadão “crítico” e “informado”, segundo a OCDE.

Leitura
Já em leitura, o Brasil ficou entre os 12 piores países, com uma média de 407, bem abaixo da média de 493 da OCDE.
Cerca de 20% dos estudantes de países membros da OCDE, em geral, não atingem o nível mínimo de proficiência em leitura. Em países como o Brasil, o Peru e a Indonésia, há mais alunos no nível mais baixo de proficiência que em qualquer outro nível.


Matemática

O pior desempenho geral do Brasil foi em Matemática, disciplina em que aparece entre os cinco piores países.
No país, 70,3% dos estudantes estão abaixo do nível 2 em Matemática, o mínimo necessário para que o aluno possa exercer plenamente sua cidadania. 

Leia a matéria na íntegra em Exame.com.br

[Como mais adiante prosseguiremos para um comparativo entre a educação domiciliar e escolar nos Estados Unidos, destacamos que, no ranking do Pisa 2015 (comentado acima exclusivamente sobre o desempenho do nosso país) o Brasil ocupou a 63ª posição e os EUA a 25ª posição entre 70 países avaliados.]

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Infelizmente a qualidade não é lá essas coisas, mas se não cursar a escola, não terá diploma e será privado de fazer um curso superior...

ENCCEJA

No Brasil e no Exterior, o Exame pode ser realizado para pleitear certificação no nível de conclusão do Ensino Fundamental para quem tem no mínimo 15 (quinze) anos completos na data de realização das provas. Além da certificação no nível de conclusão do Ensino Fundamental, os brasileiros residentes no Exterior podem pleitear a certificação no nível de conclusão do Ensino Médio desde que tenham no mínimo 18 (dezoito) anos completos na data de realização das provas.

Quem pode fazer o Encceja?
http://enem2018.biz/encceja-certificado-do-ensino-medio/

Para a certificação do ensino fundamental: ter a idade mínima de 15 anos completos na data de realização das provas.
Para a certificação do ensino médio: ter a idade mínima de 18 anos completos na data de realização das provas e ter concluído o ensino fundamental.
O certificado é válido em todo o território nacional e no mundo, como qualquer outro diploma de conclusão de ensino.

Até 2016 essa certificação era feita pelo ENEM. Houve a alteração mas o site do MEC continua desatualizado.

Ainda sobre a questão de educação e ensino, bem como de diplomação, aconselho que vejam o video abaixo (ignorem o título).



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Bom, se a escola que retém os especialistas em educação tem dificuldade em oferecer boa qualidade de ensino, que dirá os pais que ensinam em casa. Além do mais, a escola observa outras questões além do ensino das disciplinas, como a socialização... 

Evidentemente, no Brasil ainda não é possível avaliar o desempenho de alunos provindos do ensino domiciliar, entretanto, nos respaldamos em pesquisas feitas em países onde o homeschooling já é praticado há mais tempo.

Segue abaixo os pontos levantados por Ph.D Brian D. Ray sobre o homeschooling nos Estados Unidos.


Fatos e estatísticas sobre homeschooling nos Estados Unidos e no mundo

Pesquisador Brian D. Ray, Ph.D.
National Home Education Research Institute

O homeschooling, ou educação domiciliar, algumas décadas atrás era considerado inovador ou ‘alternativo’, mas recentemente tem se tornado convencional nos Estados Unidos. Possivelmente é a forma de educação que cresceu mais rápido no país nessa última década. O ensino domiciliar cresce também à olhos vistos por todo o mundo, em países como Austrália, Canadá, França, Hungria, Japão, Kenia, Rússia, México, Coreia do Sul, Tailândia e no Reino Unido.

  • Demograficamente, uma grande diversidade de pessoas tem adotado esta prática, como ateus, cristãos, mórmons; conservadores, libertários e liberais; pobres, classe média e famílias ricas; negros, hispânicos, e brancos; a escolaridade dos pais que adotam essa prática incluem-se aqueles que tem Ph.D, ensino superior ou apenas ensino médio. Um estudo mostrou que 32% dos estudantes em homeschooling são negros, asiáticos, hispânicos ou outros (não brancos) – (Noel, Stark, & Redford, 2013). 
  • Existem hoje aproximadamente 2,3 milhões de pessoas que foram educadas em casa nos Estados Unidos. Outra estimativa, verificou que haviam até 2010, em torno de 2 milhões de crianças entre 5 e 18 anos que receberam educação domiciliar (Ray, 2011). Aparentemente, a quantidade de crianças que recebem educação domiciliar cresce continuamente entre 2 a 8% ao ano. 
  • Famílias praticantes de educação domiciliar não são, geralmente, dependentes de programas de auxílio governamental, para promover a educação de seus filhos. Por conta dessas crianças não estarem na rede pública de ensino estima-se que o estado economize mais de 27 milhões de dólares ao ano. 
  • O custo para o estado, por cada criança que estuda na rede pública nos EUA é de aproximadamente US$ 11.732 ao ano. Para as crianças que são educadas em casa, em sua maioria, o custo é zero. Enquanto isso, as famílias que adotam educação domiciliar o gasto médio é de 600 dólares ao ano na educação de cada filho. 
  • Uma estimativas mostra que 3,4 milhões de americanos em idade adulta foram ensinados por meio de homeschooling por pelo menos um ano entre os 5 e 18 anos de idade, e na média, receberam educação domiciliar por um período de 6 a 8 anos. Se somarmos a esse número os 2,3 milhões que estão recebendo educação domiciliar atualmente, temos uma estimativa de 5,7 milhões de Americanos experienciaram homeschooling.

Razões e motivações para o homeschooling

A maioria dos pais decidem pelo homeschooling por mais de uma razão. Dentre as razões mais comum destacam-se:
  • Possibilitar um ensino mais acadêmicos; 
  • Usar métodos pedagógicos diferentes daqueles que se tem nas escolas; 
  • Promover uma interação social guiada e saudáveis com jovens e adultos; 
  • fortalecer/melhorar relação familiar das crianças com os pais e entre os irmãos; 
  • proporcionar um ambiente mais seguro para as crianças, prevenindo riscos como violência, drogas e alcool, bullying, racismo, sexualidade inadequada/não saudável, cada vez mais comum nas escolas; 
  • ensinar valores, crenças e uma visão de mundo adequada às crianças.

Performance acadêmica

  • Jovens educados em casa tem obtido 15 a 30% mais pontos do que jovens que estudaram na rede pública de ensino dos Estados Unidos, conforme verificado em ‘achievement tests’. Um estudo publicado em 2015 verificou que crianças negras que receberam ensino domiciliar tiveram pontuação nas provas 23 a 42% maior do que crianças negras que estudaram em escolas públicas (Ray, 2015); 
  • O estudo mostra também que os estudantes tem demonstrado pontuação acima da média independente do grau de escolaridade ou faixa de renda dos pais, que são seus professores/tutores na educação domiciliar; 
  • Também não foi verificada relação de desempenho dos alunos com o fato dos pais serem ou não professores certificados; 
  • Em países com diferentes graus de controle estatal sobre atividades de homeschooling não foi possível verificar diferenças no desempenho escolar e acadêmico dos estudantes; 
  • Jovens educados em casa têm demonstrado pontuação acima da média em testes admissionais para universidades.

Socialização: desenvolvimento social, emocional e psicológico

  • Jovens educados por homeschooling tem demonstrado graus de sociabilidade normais e acima da média. Pesquisas verificaram traços e habilidades de liderança, autoconhecimento, autoestima, participação em serviços comunitários, entre outros. 
  • Jovens educados em casa são regularmente mais envolvidos em atividades sociais e educacionais junto a comunidade. Comumente envolvem-se em atividades e grupos tais como escoteiros, igrejas, atividades esportivas da comunidade, voluntariado etc. 
  • Adultos que foram educados por homeschooling têm se demonstrado politicamente mais tolerantes em relação aos que foram educados por escolas.

Respeito as diferenças entre as crianças

Um pesquisar verificou que o homeschooling dá as crianças e adolescentes a chance de se perguntar “quem eu sou? ” e “o que eu realmente quero”, por um processo de autoconhecimento gradual, vão tendo resposta aos seus questionamentos, onde verificou-se que meninas desenvolvem suas forças e habilidades que contribuem ao seu autoconhecimento e autoestima.

Sucesso do homeschooling no mundo real

Para medir o sucesso efetivo do homeschooling, uma pesquisa foi realizada em adultos que foram educados por homeschooling por mais de 7 anos. A pesquisa demonstrou, por exemplo, que:
esses adultos demonstram ser mais participantes em serviço comunitário do que a média geral da população;
  • esses adultos demonstram maior engajamento em eleições e exercendo direito de voto, em comparação à média da população; 
  • ingressam na universidade em maior percentual do que a média geral da população; 
  • na vida adulta, compartilham valores e crenças de seus pais com maior facilidade.

Interpretação geral dos dados sobre sucesso ou fracasso do homeschooling

É possível que o homeschooling cause os benefícios apresentados na pesquisa. Contudo, a pesquisa não pode conclusivamente ‘provar’ que o homeschooling cause estes resultados. Ao mesmo tempo, não há nenhuma evidência empírica que a educação domiciliar cause resultados negativos em comparação a educação por meio de escolas públicas ou privadas. Pesquisas futuras podem responder melhor à questões supervenientes.


Dados da pesquisa
Pesquisador: Brian D. Ray, Ph.D.
Publicado pelo Instituto Nacional de Pesquisa sobre Educação Domiciliar (EUA)
Todos os direitos reservados a Brian D. Ray, Ph.D., pelo National Home Education Research Institute
Artigo original em inglês: https://www.nheri.org/research/research-facts-on-homeschooling.html
Tradução por Marlon Derosa, Estudos Nacionais. Permissão da tradução concedida em: Abril de 2017.

Sobre a autoria da pesquisa

Dr. Brian D. Ray é presidente do National Home Education Research Institute (NHERI). É Ph.D. em Educação pela Universidade do Estado de Oregon (Oregon State University). O instituto NHERI realiza estudos e pesquisas coletando dados primários que são subsídio para pesquisadores, legisladores, administradores públicos, jornais e publicações científicas. NHERI publica diversos relatórios e pesquisas inéditas na área acadêmica além do jornal Home School Research.

Mas não é contra a lei deixar de matricular o filho na escola?

Temos outra postagem que te ajudará a entender essa questão... Clique aqui para acessar "Homeschooling é ilegal?"

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Sobre a questão educação e ensino, quero recomendar fortemente que você, homeschooler ou não, assista o video anteriormente postado em sua versão completa:





Espero que essa postagem seja em alguma medida esclarecedora em seus pontos principais e que sirva de incentivo para os que querem se aprofundar no assunto.

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3 comentários

  1. Sabrina, como vai?

    Obrigada por compartilhar as informações do blog. É um alento à alma e com certeza ânimo aos que ainda estão temerosos sobre o homeschooling; e me incluo no grupo dos duvidosos.

    Já experimentei um grande sucesso com meu filho mais velho: começou a ler aos 4 anos através do método fônico, em casa e pautados nas falas no professor Nadalim. Claro, a professora não gostou.

    Pra contextualizar: estou me formando em pedagogia e posso garantir que, caso o formando não tenha um panorama histórico e político, sairá da faculdade um militante convicto. Por essas e outras não acredito em nenhuma instituição.

    E crê que mesmo com tudo isso, não assumi o pleito do ensino dos meu meninos em casa?

    Hoje recebi um bilhete na agenda do meu menino: farão na escola a semana "na minha escola todo mundo é diferente" e só por isso já podes imaginar o que vem, né!

    Enfim, orem por nós!

    Obrigada pelas dicas! Deus te abençoe!

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    1. Querida Letícia, só agora vi seu comentário, me desculpe...
      É justamente esse o objetivo, formar militantes cegos que reproduzam em sala de aula. Andei resgatando algumas coisas do meu curso de pedagogia essa semana e é de dar enjoo, infelizmente.
      Deus te abençoe com sabedoria e graça!!
      Um beijo!

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  2. Adorei a matéria, pensando em aderir me identifiquei com o comentário da Letícia.

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